Famoso motor V10 já teria suposta data para retornar a Fórmula 1
Em maio de 2024, o presidente da Fórmula 1, Stefano Domenicali, manifestou abertura para acelerar a transição para combustíveis sustentáveis, cogitando até a eliminação dos motores híbridos no futuro da categoria. A mudança também atenderia à necessidade de reduzir o peso dos carros, um dos principais desafios dos monopostos atuais.
Já em fevereiro, o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, abordou o tema em suas redes sociais, sugerindo que a categoria deveria explorar diferentes direções, incluindo o retorno dos motores V10, agora movidos a combustíveis sustentáveis.
A proposta de um motor V10 sustentável traria benefícios como custos mais baixos e maior simplicidade na construção, se comparado às atuais unidades de potência e às previstas para 2026. Além disso, carros mais compactos e leves poderiam melhorar o espetáculo na pista e até atrair fabricantes independentes de motores.
Incertezas sobre 2026 e um possível plano alternativo
Segundo a Auto Motor und Sport, em matéria assinada pelo jornalista Michael Schmidt, há um crescente receio dentro da Fórmula 1 em relação à grande reformulação técnica de 2026. A combinação de novos carros, unidades de potência, pneus e combustíveis sustentáveis levanta preocupações sobre um possível desequilíbrio no grid. Algumas equipes temem que as novas regras sejam excessivamente ambiciosas, gerando grandes disparidades nos sistemas de recuperação de energia entre os fabricantes.
O pior cenário seria um domínio absoluto de uma única equipe, o que poderia levar algumas montadoras a abandonar a categoria. Diante desse risco, foi cogitada a possibilidade de estender as regras atuais por mais dois anos e adiar a introdução dos motores aspirados para 2028.
A proposta teria partido da FIA, mas logo foi interpretada como uma tentativa de favorecer a Cadillac, que poderia utilizar o motor Ferrari por dois anos antes de desenvolver seu próprio V10. No entanto, a ideia foi amplamente considerada inviável, já que as equipes e fabricantes já investiram pesadamente no novo regulamento.
O retorno dos V10s e o posicionamento das equipes
A FIA formou um grupo de trabalho para avaliar a viabilidade do retorno dos motores V10 à Fórmula 1. Segundo a Auto Motor und Sport, algumas equipes se mostraram favoráveis, enquanto outras se opõem à mudança.
A Red Bull e a Ferrari veem a proposta com bons olhos. A equipe austríaca teme a dificuldade de enfrentar os grandes fabricantes sob o regulamento de 2026, enquanto a escuderia italiana já manifestou apoio à ideia.
Por outro lado, Audi e Honda se posicionam contra a mudança. Os alemães ingressaram na F1 sob a promessa de uma era híbrida e sustentável, enquanto os japoneses confirmaram sua permanência com base nesse mesmo princípio. A Mercedes adota uma postura mais reservada, mas há indícios de que Toto Wolff poderia se interessar por uma solução de longo prazo.
Um possível compromisso: ciclo regulatório reduzido
Diante do impasse, uma alternativa que ganha força é a redução do ciclo regulatório que começará em 2026, limitando-o a três temporadas — algo permitido pelos estatutos da FIA. Dessa forma, a Fórmula 1 poderia adotar os motores V10 já em 2029.
Essa possibilidade foi discutida tanto nos testes de pré-temporada no Bahrein quanto na primeira corrida em Melbourne, com FIA e F1 acompanhando as conversas sem tomar uma posição oficial.
A proposta permitiria preservar os investimentos já realizados para o novo regulamento, que somam cerca de meio bilhão de dólares nos últimos três anos. Além disso, os carros de 2026 já estão em fase de desenvolvimento no túnel de vento desde janeiro. Segundo o jornal alemão, uma decisão deve ser tomada antes do verão europeu.
Apesar das vantagens de um retorno aos V10, há uma questão central: motores turbo compactos seguem sendo mais relevantes para os fabricantes de automóveis do que os naturalmente aspirados, o que pode ser um fator decisivo na escolha do futuro da categoria.