Barrichello quebra o silêncio e revela “sinal” recebido na Ferrari logo na estreia pela equipe
Ao longo da história da Fórmula 1, as ordens de equipe sempre geraram polêmica, especialmente quando pilotos eram instruídos a ceder suas posições em favor de seus companheiros. Um dos casos mais controversos ocorreu no GP da Áustria de 2002, quando Rubens Barrichello desacelerou a poucos metros da linha de chegada, permitindo que Michael Schumacher conquistasse a vitória.
O episódio foi amplamente criticado, apesar do gesto de Schumacher ao colocar Barrichello no degrau mais alto do pódio e entregar-lhe o troféu de vencedor. Mais tarde, no GP dos Estados Unidos daquele ano, a Ferrari tentou minimizar a controvérsia, com seus dois pilotos cruzando a linha de chegada lado a lado.
Primeiro “sinal” aconteceu na estreia de Rubinho pela Ferrari
A relação entre Schumacher e Barrichello foi marcada por distanciamento e hierarquia clara, com o brasileiro frequentemente relegado ao papel de segundo piloto durante sua passagem pela Ferrari, de 2000 a 2005. Nesse período, a equipe conquistou cinco títulos consecutivos de Construtores e Schumacher garantiu cinco campeonatos seguidos de Pilotos.
No entanto, até as recentes revelações de Barrichello no podcast Beyond the Grid, poucos sabiam que a primeira ordem de equipe veio logo na estreia do brasileiro pela Ferrari, no GP da Austrália de 2000. Na ocasião, a equipe italiana garantiu uma dobradinha, com Schumacher em primeiro e Barrichello em segundo. Relembrando a corrida e sua adaptação à equipe, o brasileiro comentou:
“Fora do carro, o período foi o mais difícil. Havia muito mais trabalho, mais mídia, mais viagens. Tudo era monitorado. Havia documentos que diziam: ‘Você pode falar isso, não pode falar aquilo.’ Mas, sempre que eu entrava no carro, sentia prazer e gratidão por guiar um equipamento tão bom. Na Austrália, por exemplo, eu estava em segundo e me aproximando do Michael. Foi a primeira vez que ouvi no rádio que deveria reduzir o ritmo ou algo assim. Eu estava preparado para isso, mas minha verdadeira pressão veio na infância, quando meu pai dizia: ‘Filho, não temos dinheiro para ir a esta corrida de kart.’ Esses momentos difíceis me prepararam para lidar com tudo.”
Os anos na Ferrari e com Schumacher
Barrichello também relembrou os desafios nos bastidores da Ferrari, agradecendo pelas oportunidades, mas destacando as dificuldades enfrentadas. Ele refletiu sobre seu talento em comparação com o de Schumacher, reconhecendo a superioridade do alemão, mas questionando a diferença exata entre ambos:
“Faria algo diferente em minha carreira? Talvez algumas coisas. Mas sou grato por tudo, até pelos momentos difíceis na Ferrari. Passei uma hora com Ross Brawn e Jean Todt dizendo: ‘Vocês não podem fazer isso.’ Eu sentia que precisava ser eu mesmo. Schumacher era melhor? Provavelmente. Mas seria uma diferença de 51-49? 70-30? Nunca saberemos, porque não houve a liberdade de competir de forma justa.”