Lenda da TV, Léo Batista fez história nas transmissões da Fórmula 1

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Faleceu no último domingo (19), aos 92 anos, Léo Batista, conhecido como “A Voz Marcante da TV”. O lendário jornalista e apresentador foi uma figura histórica do automobilismo e da Fórmula 1 no Brasil, tendo sido o primeiro narrador de Fórmula 1 da TV Globo.

De acordo com um boletim médico divulgado em 17 de janeiro para veículos selecionados, Léo Batista foi internado em 6 de janeiro devido a desidratação e dores abdominais. Após exames, foi identificado um tumor no pâncreas. O informativo também relatou que, no dia 17, ele estava na UTI.

João Baptista Bellinaso Neto nasceu em Cordeirópolis, interior de São Paulo, em 1932. Ao longo de quase 80 anos de carreira, testemunhou e relatou momentos icônicos da história brasileira, como a morte de Getúlio Vargas em 1954. O nome Léo Batista foi adotado quando ele se mudou para o Rio de Janeiro, consolidando sua identidade profissional.

A importância de Léo Batista nas transmissões de Fórmula 1

Contratado pela TV Globo em 1970, inicialmente para coberturas de futebol, Léo se tornou a voz das transmissões de Fórmula 1 após o título de Emerson Fittipaldi em 1972, que impulsionou o interesse pela categoria. A emissora passou a exibir algumas corridas ao ano, com Léo Batista como narrador.

Em 2020, ao celebrar os 70 anos da Fórmula 1, Léo revelou em entrevista ao jornal O Globo os desafios de narrar corridas em uma época com poucos recursos tecnológicos:

“As informações eram escassas. Eu fazia as transmissões com o Fábio Crespi, piloto de São Paulo, que entendia muito de automobilismo. Mas o sistema de transmissão era complicado, e não havia tecnologia para acompanhar as corridas em tempo real. O monitor era pequeno, de 14 polegadas, preto e branco, e era difícil reconhecer os carros.

Léo também inovou criando uma solução prática para organizar as informações durante as corridas:

Sem computador, eu improvisava. Usei uma placa de metal com ímãs, onde colocava os nomes, números dos pilotos e equipes. Organizei na ordem de classificação do jornal e ajustava conforme as posições mudavam. Um dia, mostrei para o Luís Roberto, e ele ficou impressionado, parecia que tinha descoberto ouro.

Entre suas narrações memoráveis, destaca-se o lendário GP da França de 1979, famoso pela acirrada disputa entre René Arnoux e Gilles Villeneuve. Outro momento marcante de sua carreira foi a cobertura do trágico acidente que levou à morte de Ayrton Senna no GP de San Marino, em 1994. Durante o Plantão da Globo, Léo Batista foi quem anunciou a notícia ao público:

Eu estava no estúdio com o retorno no ouvido, escutando a médica italiana dizer que o Senna havia perdido massa encefálica. Entendi que ele tinha falecido e avisei à equipe. Foi o momento mais triste da minha carreira.

Com mais de sete décadas dedicadas à comunicação, Léo Batista participou de 13 Jogos Olímpicos, 13 Copas do Mundo e apresentou programas icônicos como Globo Esporte e Esporte Espetacular, deixando um legado incomparável no jornalismo esportivo brasileiro.

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